Resumo
Introdução: A imobilidade no doente crítico é condicionada pela condição de doença ou ainda, pelo efeito de fármacos, mas, em ambos os casos, emerge como um problema na perspetiva da recuperação funcional. A diminuição da massa muscular e da amplitude articular atrasam ou dificultam os processos de recuperação da ventilação espontânea e os autocuidados. Quando o repouso no leito se impõe, os cuidados de enfermagem de reabilitação seguros são um recurso com vista à mitigação dos problemas associados à imobilidade.
Objetivo: Avaliar resultados dos cuidados de enfermagem de reabilitação após a aplicação de uma intervenção estruturada de cuidados de mobilização articular passiva em doente crítico.
Método: Estudo qualitativo, tipo estudo de caso. É apresentado o caso de uma pessoa adulta em situação crítica á qual foram realizadas oito sessões de mobilização articular por enfermeiro de reabilitação. Avaliada a amplitude articular com recurso a goniometria antes e após a aplicação de um programa de reabilitação. Estudo aprovado em comissão de ética.
Resultados: Verificou-se que em 26 dias de internamento em unidade de cuidados intensivos a amplitude articular se manteve nos diferentes segmentos e houve ganhos nos movimentos de supinação do antebraço, extensão da mão esquerda e flexão do joelho direito. A realização de exercícios passivos de mobilização articular não interferiu com a estabilidade de parâmetros fisiológicos ou de adaptação à prótese ventilatória.
Conclusões: Os resultados revelam a não ocorrência de diminuição da amplitude articular e são sensíveis aos cuidados de enfermagem de reabilitação, num plano estruturado e regular de mobilizações. Houve ganhos em saúde e a minimização das complicações associadas à imobilidade. Outros estudos devem ser realizados no sentido de parametrizar não só o plano de intervenção bem como a evidência dos resultados obtidos.
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