Abstract
Na entrada da terceira década do século XXI julgávamos ter identificado todos os problemas major associados aos cuidados de saúde. O envelhecimento das populações e o aumento da prevalência das doenças crónicas continuam a liderar as preocupações das principais entidades nacionais e internacionais de regulação em saúde. Contudo, enquanto contemplávamos coletivamente estes desafios, uma nova realidade emergiu, alertando-nos para outros desafios emergentes tais como os pandémicos, as mudanças climáticas e as suas repercussões na saúde das populações.
Em 2030 teremos, seguramente, uma população com maior prevalência de doenças crónicas, multimorbilidades e previsivelmente mais envelhecida, isto se as medidas que têm vindo a ser implementadas nos programas prioritários de saúde forem otimizadas, após este contexto pandémico.
Desde já, capacitar as pessoas para serem mais ativas na gestão da sua condição de saúde, tornarem-se parceiros ativos na decisão em saúde e manterem-se integrados na sociedade, com a funcionalidade otimizada e com qualidade de vida é, e continuará a ser, o elemento de sucesso das políticas de saúde. Facto que vai de encontro ao objetivo de desenvolvimento sustentado n.º 3 - Garantir o acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todos, em todas as idades (OMS, 2015).
Em 2030, as pessoas continuarão a precisar de cuidados de enfermagem de reabilitação para viverem integrados na sociedade, com a funcionalidade otimizada e com qualidade de vida?
Falar de reabilitação é falar de algo umbilicalmente ligado à Enfermagem enquanto profissão e disciplina, algo que na história moderna dos cuidados de saúde remonta, pelo menos, a Florence Nightingale no século XIX.
Os enfermeiros desde sempre colaboraram com as pessoas com deficiência, incapacidade, handicap ou doença crónica no desenvolvimento de estratégias que lhes permitissem viver com mais saúde, funcionalidade e qualidade de vida. Desde sempre, os Enfermeiros e, em Portugal desde 1965, também os Enfermeiros de Reabilitação, com um quadro formativo especializado e regulado, estão presentes em TODOS os contextos de cuidados do Sistema de Saúde Português. Esta presença reflete apenas aquilo que a sociedade coletivamente reconhece ao mandato social dos Enfermeiros e, também, o que espera de nós!
Na atualidade, falar de cuidados de saúde é falar de integração, multiprofissionalidade e multidisciplinariedade. Em 2030, será, face às necessidades e exigências dos cidadãos, colocar a coordenação dos cuidados com a centralidade na pessoa e na família, de forma a assegurar os melhores níveis de saúde e qualidade de vida, contribuindo também para a sustentabilidade do sistema de saúde português e de Segurança Social.
A prestação de cuidados de saúde na próxima década implicará uma visão e contributo global para a gestão das condições de saúde crónicas, das multimorbilidades, das deficiências e/ou incapacidades, assegurando segurança e a qualidade dos cuidados de saúde. Teremos mais e melhores tecnologias de apoio à vida independente que serão um recurso relevante da nossa ação profissional.
Os Enfermeiros de Reabilitação asseguram, desse já aos cidadãos, com base numa sólida formação pós-graduada, complementada com uma insubstituível experiência clínica, a capacidade para assegurar a integração da globalidade da condição da pessoa e colocar à sua disposição respostas globais em saúde, integradas e individualizadas que possibilitem a otimização das respostas humanas aos processos de transição em saúde vivenciadas pela pessoa alvo da sua intervenção, em todos os contextos do Sistema de Saúde Português.
Na leitura deste número da revista poderá encontrar um conjunto de contributos em diferentes áreas de intervenção do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação que sustentam o âmbito do exercício da profissão, da especialidade e o contributo para a qualidade de vida das pessoas alvo dos cuidados de saúde.
E então se o futuro fosse já hoje…? Estaríamos preparados!
Parafraseando Johann Goethe, enquadro o que sociedade espera dos Enfermeiros Especialistas em Enfermagem de Reabilitação, pois contaram, contam e continuarão a contar com o Nosso contributo para sua a saúde: “Não basta saber, é preciso também aplicar; não basta querer, é preciso também fazer”.
References
Gutenbrunner C., et.al. (2022). Nursing – a core element of rehabilitation. Int. Nurs. Rev. 69, 13–19
World Health Organization (2020). Rehabilitation Competency Framework, Geneva, 12 September 2019. Geneva: World Health Organization; 2020. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.
Nações Unidas (2015). Agenda 2030 Para o Desenvolvimento Sustentável, Guias sobre desenvolvimento sustentável. Acessível em: https://unric.org/pt/wp-content/uploads/sites/9/2019/01/SDG_brochure_PT-web.pdf
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